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2012 - Livro Vermelho 2013

Ocotea puberula (Rich.) Nees NT

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 09-04-2012

Criterio:

Avaliador: Maria Marta V. de Moraes

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Aespécie tem ampla distribuição, do México à Argentina. No Brasil ocorre emtodas as regiões, com EOO de 6.879.743 km². Segundo informação disponível, apesarde amplamente distribuídae de crescimentorápido, seus frutos são freqüentemente atacados pelo fungo Botvyoconiepallida Syd, o que reduz a produção de sementes viáveis. Assim, o potencialgenético desta espécie fica comprometido, e o extrativismo pode se tornar uma ameaça,em um futuro próximo.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Ocotea puberula (Rich.) Nees;

Família: Lauraceae

Sinônimos:

  • > Oreodaphne martiana ;
  • > Oreodaphne martiniana ;
  • > Strychnodaphne puberula ;
  • > Gymnobalanus perseoides ;
  • > Oreodaphne martiniana var. dubia ;
  • > Oreodaphne martiniana var. latifolia ;
  • > Laurus puberula ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Ocoteapuberula é muito expressiva emárea alterada, comportando-se como pioneira. Ocorre segundo Rohwer (1986), doMéxico até a Argentina, em diferentes formações florestais. Caracteriza-se porapresentar folhas lanceoladas ou elípticas, faces adaxial e abaxial ásperas, emmaterial fresco ou seco, abaxial pubérula, padrão de nervação broquidódromo,frutos globosos, envolvidos por cúpula cúpula plana, de margem ondulada, quandoimaturos, com tépalas persistentes e quando maturos, posteriormente decíduas. A ampladistribuição de Ocotea puberula e a sua variabilidade morfológicapropiciaram um grande número de descrições de novas espécies. Porém, pode-seobservar que apesar da plasticidade morfológica das porções vegetativas,encontram-se nas peças florais e nos frutos uma uniformidade que caracteriza aespécie ao longo da sua faixa de distribuição. Formas regionais apresentampadrões morfológicos vegetativos constantes, porém, não distintos o bastanteque justifique a separação em nível de espécie, visto que, os caracteresflorais e frutíferos as reúnem facilmente (Quinet, 2008).Nomespopulares: "canela-babosa", "canela-branca", "canela-coté", "canela-gosmenta", "canela-guaicá", "guaicá", "canela-parda", "canela-de-corvo", "canela-pimenta", "canela-sebo", "inhumirim", "louro-abacate", "louro-bacato", "louro-pimenta", "louro-vermelho" (Moraes, 2005).

Potêncial valor econômico

Amadeira pode ser usada na construção civil leve, construções internas, paraforros, carrocerias, marcenarias, móveis simples e caixotaria cúpula plana, de margem ondulada, quandoimaturos, com tépalas persistentes e quando maduros, posteriormente decíduas (Nadolnyet al., 2011).

Dados populacionais

Dados de alguns estudos fitossociológicos revelam haver mais de 8.600 ind. na população. Foram encontrados cerca de 18 ind./ha com DAP entre 19 e 25 cm, em SãoJoão do Triunfo, PR (Canalez et al., 2006). Schaaf et al. (2006) em um estudo de 20 anosem Floresta Ombrófila Mista (EstaçãoExperimental da UFPR, São João do Triunfo, PR) encontraram 13 ind. com DAestimado em 1,44 ind./ha em 1979 e 17 ind. com DA estimado em 1,89 ind./ha em2000. Foram amostrados 445 ind. no Capão da Engenharia Florestal, Curitiba, PR(Machado et al., 2010). Giehl et al. (2007) estimaram 5 ind./ha em fragmento(60 ha) em Santa Maria, RS. Foram estimados 2 ind./ha na mata de encosta emCamaquã, RS (aprox. 170ha) (Jurinitz; Jarenkow, 2003). Longhi et al., (2008)amostraram seis ind. com DA estimado em 3,3 ind./ha em Montenegro, RS (74,92ha). Somente um ind. foi encontrado na Mata Rio Vermelho, Rio Bonito, RJ (Carvalho et al.,2007); Oliveira (2006) encontrou 19 ind. em Floresta Ombrófila Densa e seis ind.em Floresta Estacional Semidecídua no Estado de São Paulo. Rode et al. (2011)amostraram 117 ind. (DA: 17,3 ind./ha) na Floresta Nacional de Irati, PR (Rode et al., 2011);Vibrans et al. (2008) estimaram 17,7 ind./ha em Floresta Ombrófila Mista e 6,59ind./ha em Floresta Estacional Decidual, em áreas florestais de Santa Catarina. Emum estudo da densidade de indivíduos em propriedades rurais no município deTurvo no Paraná, encontraram-se 3479 ind. em propriedades com menos de 40 ha; 3245ind. em propriedades entre 41 e 70ha e 909 ind. em propriedades superiores a 71ha (Zampieri; Salvador, 2006).

Distribuição

Espécie de ampla distribuição, ocorre nos Estados do Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins, Acre, Bahia, Alagoas, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Quinet et al., 2011).

Ecologia

Árvore perenifólia, de 10 a 15 m de altura e20 a 60 cm de diâmetro, podendo atingir até 25 m de alt. e 90 cm de DAP. Folhassimples, alternas, subcoriáceas, lanceoladas. Botões florais esverdeados,flores pequenas brancas a bege, agrupadas em panículas axilares, multifloras,dióicas. Frutos elipsóides, marrom-escuro com estrias pretas (Nadolny et al.,2011). Floração e frutificação: coletada com flores de janeiro a novembro efrutos de maio a fevereiro (Quinet, 2008). É uma espécie secundária inicial, presente nasfases intermediárias e avançadas de sucessão secundária. Possui característicassemi-heliófita, que tolera sombreamento de baixa e média intensidade na fasejuvenil (Nadolny et al., 2011). Invade capoeiras e capoeirões, chegando adominar um determinado estádio de sucessão secundária. Ocorre também emclareiras de matas e matas abertas (Lorenzi, 2002). O poder germinativo é irregular, atingindo até 75% (Carvalho,2003), o desenvolvimento das plantas é rápido (Lorenzi, 2002).

Ameaças

2.4 Pathogens/parasite
Detalhes Apesar de apresentar crescimento rápido nas matas semi-devastadas, invadindomuitas vezes as clareiras abertas nas matas primárias, seus frutos sãofrequentemente atacados pelo fungo Botvyoconiepallida Syd,o que reduz sobremaneira a produção de sementes viáveis em condiçõesde viveiro, as sementes de "canela-guaicá" apresentam germinação bastante desuniformedentro de um período que dura de seis a doze meses. Considerando estes fatos, a ocorrência e consequentemente o potencialgenético destas espécies ficam seriamente comprometidos em função do regime exploratório vigente (Silva, 1984).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Atualmente, as florestas com araucária encontram-se drasticamentereduzidas entre 1 e 2% de sua área original devido à intensa exploração no primeiro ciclo econômicoocorrido no Sul do Brasil. Os remanescentes dessa tipologia florestalencontram-se espalhados em fragmentos pelos Estados, protegidos por lei por possuíremextrema importância ambiental e científica (Rode et al., 2011). As áreasflorestais do Estado de Santa Catarina sofreram uma drástica redução dacobertura florestal do Estado durante a segunda metade do século XX eatualmente existe uma constante pressão exercida pelas atividades econômicasatuais sobre os remanescentes florestais (Vibrans et al., 2008). No Paraná a exploração não-criteriosa dasmatas ou o avanço assistemático da agricultura tem reduzido drasticamente acobertura vegetal original, notando-se poucos remanescentes florestais que apresentamespécies nativas de grande potencial ecológico e econômico. Na região de Maringá, PR, duramente atingida pelo desmatamento,em razão da existência de solo fértil para a agricultura, ocorre a espécie Ocotea puberula (Rich.) Nees, que contacom número reduzido de espécimes nas pequenas matas ou capoeirões aindaexistentes (Souza; Moscheta, 1999). Ao longo dos anos, formações vegetais de matas ripárias têm sidosubmetidas a impactos antrópicos devastadores. Como conseqüência, váriasregiões do Brasil estão hoje reduzidas a fragmentos esparsos, a maioria profundamenteperturbada (Pinto et al., 2005).

Ações de conservação

1.2.1.1 International level
Situação: on going
Observações: "Baixo risco" (LR), segundo a Lista vermelha IUCN (2011).

4.4 Protected areas
Situação: on going
Observações: Ocorre no Parque Estadual Pico do Marumbi, P.E. da Graciosa e P. E. Serra da Baitaca, todas no Paraná (Brotto, 2010); ParqueMunicipal da Boca da Ronda, Ponta Grossa, PR (Farago et al., 2005); FlorestaNacional de Irati, PR (Rode et al., 2008); Reserva Florestal Embrapa/Epagri,Caçador, SC (Herrera et al., 2009); Parque Nacional do Itatiaia, RJ (Oliveira,2005).

Usos

Referências

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Como citar

CNCFlora. Ocotea puberula in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Ocotea puberula>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 09/04/2012 - 12:53:15